O Governo do Zimbabué alterou a Constituição, adoptando uma quota de 30% para as mulheres conselheiras na administração local antes das eleições nacionais de 2023. A medida surge na sequência da pressão da Womn’s Academy for Leadership and Political Excellence (WALPE) e de organizações parceiras que exigem um equilíbrio de 50% entre os géneros em todos os cargos de liderança.

Desde a independência, em 1980, o Zimbabué, um país profundamente conservador, tem registado sistematicamente uma percentagem inferior de participação de mulheres candidatas nas eleições, em comparação com os homens, apesar de constituírem mais de metade do eleitorado e 15 milhões de pessoas no país.

Com o apoio da UAF-África, o WALPE mobilizou aspirantes a líderes femininas para falarem por si próprias durante as audiências parlamentares. Elas também assumiram o papel central na redação e apresentação da petição ao Parlamento. Levantar as suas vozes ajudou a fazer com que o Parlamento compreendesse a urgência da igualdade de género e os desafios em primeira mão que afectam as mulheres que concorrem a cargos públicos, incluindo a violência política e baseada no género.

As aspirantes a líderes femininas da província de Zaka Masvingo disseram que as mulheres estão a ficar sem paciência com o facto de o governo não cumprir os artigos 17, 56 e 80 da Constituição. “Queremos igualdade já!!!”

O envolvimento dos parlamentares estimulou diretamente a criação de espaços para fazer avançar o ativismo, dando assim prioridade às necessidades, aspirações e questões-chave das feministas na luta pela igualdade de género no Zimbabué.

A WALPE e os movimentos de mulheres saudaram a decisão do governo de introduzir uma quota de 30% para o governo local, dando a mais de 580 mulheres a oportunidade de serem nomeadas como vereadoras nas eleições de 2023 e no futuro. Esta decisão aumenta o número de mulheres no Parlamento para debater questões políticas que afectam as mulheres e a administração local, onde as questões relacionadas com a prestação de serviços sociais são as mais importantes.

O Parlamento tem 13% de mulheres eleitas diretamente e 12,5% de mulheres no governo local (conselheiras). Esta situação está longe dos 50% previstos na Constituição, o que tornou necessária a intervenção do WALPPE.

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